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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Quem sabe no “Lata Velha”: Internautas fazem campanha para reforma de ônibus de sanfoneiro

Durante os últimos dias, o ônibus de Antônio Manoel Neto, o sanfoneiro Felipão, tem se tornado atração na internet entre os internautas locais e ganha força na grande rede. Toda essa fama repentina se deu porque a filha do sanfoneiro, Bruhna de 15 anos, efetuou a inscrição do ônibus do pai, no quadro ‘Lata Velha’, do Programa Caldeirão do Huck, apresentado por Luciano Huck.
A postagem de sua filha falando da inscrição do veículo do pai vem sendo curtida e compartilhada pelo Facebook. Mensagens de apoio surgem a todo momento. Os ‘curtidores’ e ‘compartilhadores’ da idéia torcem para que o ônibus de Felipão seja escolhido para participar do quadro. O ônibus de ‘Felipão’ é modelo Mercedes Benz/L 312, ano 1971, tendo, portanto, 42 anos de uso.
O “Lata Velha” consiste em apresentar histórias emocionantes de pessoas que possuem um sonho de reformar o seu carro. Em contato com a filha do sanfoneiro, nossa equipe conseguiu a carta enviada ao programa para quem sabe, pela história, ser selecionada para participar do quadro.
Acompanhe a descrição da história de Felipão feita por sua filha e encaminhada à produção do programa:

"Olá Luciano, o meu nome é Bruhna Felipe, tenho quinze anos e moro no coração do sertão central do Ceará, em Quixeramobim, escrevo-lhe para contar a história de um homem guerreiro, um sanfoneiro denominado “O sanfona de ouro”, que já desbravou esse sertão de nosso senhor, carregando consigo o seu amor pela música, o seu fiel companheiro, seu irmão Antonino e sua chorosa sanfona, com fé em Deus e mágica nos dedos ao tocar a sua princesa.

Este mesmo é meu pai, Antônio Manoel Neto, popularmente conhecido como Sanfoneiro Felipão,nascido na Fazenda de Várzea Formosa,  que desde seus dez anos de idade trabalhava na roça, para ajudar o seu pai e estudava em uma escolinha na Vila de Lagoa Cercada, há três quilômetros de distância, percorridos ou a pé ou de jumento quem tinha, naquela época as condições eram muito difíceis,  mas sabia que o seu destino não era como agricultor, pois desde menino sempre teve aquela vontade de aprender a tocar sanfona.

Foi quando em certo dia, chegou à casa de seu pai um velho amigo, que tinha por nome Chico Vicente, com uma sanfoninha harmônica de fole de oito baixos e ele (meu pai), ficou muito interessado no “pé-de-bode” do seu Chico.  Percebendo meu avô Sitõe Felipe, o interesse de seu filho, propôs uma troca a seu amigo, pegou uma jumenta que meu pai tinha, e trocou na sanfona, e ainda voltou dez contos de réis pro meu pai, assim foi feito. Logo meu pai aprendeu a tocar sua sanfoninha, quando se nasce com um dom dado por Deus, não há dificuldade, o velho Chico Vicente deu umas aulinhas,ensinou-o a tocar o “rabo do jumento” de Luiz Gonzaga, e a partir daí o pai meu começou a tocar sanfona e começou em festas de reizado, bumba-meu-boi, São Gonçalo, enfim, festas folclóricas que fazem parte da nossa cultura, tudo isso com apenas dez anos de idade.

Quando o meu pai completou doze anos, já tocava como gente grande, então meu avô comprou uma sanfona de oitenta baixos, muito criança ainda, mas já subia em cima dos caminhões pra ir tocar forró, meu avô tinha medo, e às vezes não gostava, porque sabia dos perigos dessa vida, mas meu pai teimoso continuou, acompanhado pelo seu Tio (Chico Felipe) que ficava “pastorando” ele tocando e seu irmão(meu tio), que tinha nove anos na época que acompanhava meu pai no seu banjo, sem esquecer do amigo de meu pai Chico Bode no triângulo, era o trio forrozeiro.

A fama foi se espalhando e o menino cresceu, quando em 1978 resolveu vir morar na cidade (Quixeramobim), aos poucos as coisas foram mudando, primeiramente meu pai comprou uma combe pra levar o equipamento de som e os instrumentos para as festas, logo a combe não deu mais conta, comprou então uma carreta, mas a banda aumentou e começou a tocar em outras cidades até mesmo fora do Ceará, depois de muito esforço em 1990, a banda já com um nome formado, Forrozão Qui-beleza e Felipão “O Sanfona de Ouro”, conseguiu comprar um ônibus ano 1971, para levar os músicos, instrumentos e aparelhagem de som, melhorou bastante, fez shows fora do Ceará e até turnê em São Paulo, se consagrou um grande sanfoneiro.

Mas a vida para este sanfoneiro do sertão ficou difícil, os grandes empresários começaram a levar o forró para outra essência, esquecendo-se da natureza, humildade, namoro na janela, simplicidade do povo e alegria de viver, para transformar o forró em músicas de alto duplo sentido, valorizando o dinheiro e o luxo, resistir à pressão das bandas ricas e aguentar a humilhação de muitos não é fácil! É neste momento que reconheço a força de vontade do meu pai, que criou seus nove filhos com a sua música, e hoje tem 45 anos de carreira. 

Sem mais prolongamentos Luciano, falo do amor do meu pai ao seu ônibus, velhinho e cansado, o barulho do coitado é horrível, já aguentou subir e descer serras, levando mais de uma tonelada de peso por esse sertão, mas é ele que faz o meu pai conseguir levar a sua banda e tocar, muitos fazem piadas, zombam e isso me magoa muito, apesar de meu pai não ligar, pois ele sempre me disse, “filha, bonito é o que é seu, o que não é seu não tem como você usar, então de que adianta você achar o dos outros melhor!”, então por intermédio desta carta, tenho fé em Deus, que um dia o senhor vai ler, pois aparência conta muito pra conseguir festas e ultimamente tá muito difícil pro meu pai, às vezes me encontro chorando, pensando como eu posso ajudá-lo porque ele não tem como arranjar outro emprego por que só estudou até o antigo primário, e ele ainda sustenta a mim e a minha irmã, nós duas moramos com a nossa avó materna, também tem outra família, a sua esposa, mais dois filhos que ainda são crianças, e eu AMO DEMAIS o meu pai, sei da importância desse ônibus para as nossas vidas, então assistindo o seu programa neste último sábado (17/08/2013), o filho que conseguiu junto com o seu pai o fusca, lindo, completamente novo, disse: se você ama o seu pai, faça por ele enquanto ele estiver vivo, isto me tocou profundamente, me ajude Luciano, a devolver a alegria dos olhos do meu pai, para que volte a sorrir feliz, ele ama esse ônibus 1971, e eu sou capaz de fazer qualquer coisa para ver a lata velha mais querida desse sertão, reformada e linda, seria o maior presente enviado por Deus, nossas vidas iriam mudar completamente. Luciano, você sabe que ver a pessoa que você mais ama nessa vida, bem, feliz, tendo condições de trabalhar não tem preço, e o homem que eu mais amo precisa de mim agora, estamos lhe esperando de braços abertos, Deus abençoe que você venha logo!

Bruhna Felipe"
Postado por: Jornalismo - Sistema Maior de Comunicação

Um comentário :

  1. Gente Bruhna Maria minha sobrinha que amo muito tem um coração puro, então ajudemos nesta humilde campanha vem Lu, vem que vem com tudo...

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